No mês que o ano de 2025 de fato começou, segue a sugestão de leitura dos aniversariantes do período.

O amor nos tempos do cólera – Gabriel García Márquez (06/03/1927 – m.2014)
O Amor nos Tempos do Cólera, de Gabriel García Márquez, é uma obra-prima que narra a história de uma paixão intensa e proibida, capaz de resistir ao tempo e às adversidades. Inspirado na relação dos próprios pais do autor, o romance acompanha Florentino Ariza, um telegrafista e poeta, que se apaixona perdidamente por Fermina Daza. Apesar da oposição do pai dela, que a envia para longe, Florentino mantém viva a chama do amor através de cartas e uma rede de comunicação criativa. A trama se desenrola ao longo de décadas, explorando as diversas facetas do amor: desde a paixão juvenil até o amor maduro e reencontrado na velhice. Com uma narrativa rica e poética, García Márquez constrói um tratado sobre o amor em suas múltiplas formas — alegre, melancólico, clandestino e libertino —, criando uma história emocionante e atemporal que se consagrou como um dos grandes clássicos da literatura do século XX.

O avesso da pele – Jeferson Tenório (08/03/1977)
O Avesso da Pele, de Jeferson Tenório, é um romance impactante que explora identidade, relações raciais e as complexidades da negritude no Brasil. A história acompanha Pedro, um homem que, após a morte do pai, embarca em uma jornada para reconstruir o passado familiar e entender as raízes paternas. Com uma narrativa sensível e, por vezes, brutal, o livro expõe as fraturas existenciais de ser negro em um país marcado pelo racismo e por um sistema educacional falho. Ao mergulhar nas relações entre pais e filhos, Tenório constrói um relato denso e emocionante sobre dor, superação e liberdade. Com personagens profundamente humanos e uma escrita corajosa, o autor se consolida como uma das vozes mais potentes da literatura brasileira contemporânea, oferecendo uma reflexão necessária sobre as pequenas tragédias e as possibilidades de redenção na vida familiar e social.

Escrita em movimento: Sete princípios do fazer literário – Noemi Jaffe (17/03/1962)
Escrita em Movimento, de Noemi Jaffe, é um livro que transcende o formato de manual ao oferecer uma reflexão profunda e inspiradora sobre o processo criativo da escrita. Baseado em décadas de experiência ministrando oficinas literárias, a autora sintetiza sete princípios fundamentais para ajudar escritores, iniciantes ou experientes, a desenvolverem sua voz única. Em vez de regras rígidas, Jaffe propõe uma abordagem aberta e livre, explorando desde a escolha das palavras até a intenção por trás de cada texto, passando pela busca da originalidade e pela coragem de experimentar. Complementado por entrevistas com autores renomados, como Beatriz Bracher e Milton Hatoum, o livro oferece múltiplas perspectivas sobre a arte da escrita, tornando-se um guia essencial para quem deseja mergulhar na criação literária com consciência e liberdade.

O complexo de Portnoy – Philip Roth (19/03/1933 – m.2018)
O Complexo de Portnoy, de Philip Roth, é um clássico da literatura que, desde seu lançamento em 1969, desafia classificações e tabus. O livro narra a vida de Alexander Portnoy, um jovem judeu que despeja suas confissões e angústias em um monólogo intenso e hilário. Com um humor ácido e uma narrativa ferina, Roth explora temas como sexualidade, culpa, identidade e as complexas relações familiares, especialmente a dinâmica com sua mãe. A obra chocou pela abordagem franca e irreverente da masturbação e do autoerotismo, rompendo barreiras entre “arte elevada” e “arte de consumo”. Quatro décadas depois, o livro mantém sua relevância, destacando-se pelo virtuosismo literário de Roth e sua capacidade de mesclar comédia e profundidade psicológica, consolidando-se como uma joia atemporal e provocativa da literatura contemporânea.

Montevidéu – Enrique Vila-Matas (31/03/1948)
Montevidéu, de Enrique Vila-Matas, é um romance que explora as fronteiras entre o real e o imaginário, mesclando ficção, ensaio e crônica em uma narrativa híbrida e fascinante. Inspirado pelo conto “A porta condenada”, de Julio Cortázar, o protagonista, após a morte do pai e o abandono da literatura, torna-se obcecado por portas como símbolos de passagem entre diferentes realidades. Em uma jornada por cidades como Paris, Reykjavik e Bogotá, ele busca, sem saber, o impulso para retomar a escrita. A obra funciona como um tratado literário, refletindo sobre a dissolução dos gêneros e o poder dos textos que habitam o limiar entre o real e o fantástico. Com sua prosa inteligente e envolvente, Vila-Matas consolida-se como um mestre da literatura contemporânea, oferecendo uma meditação profunda sobre a criação artística e a estranheza do mundo.