
Em O prazer censurado – Clitóris e pensamento, a filósofa francesa Catherine Malabou revisita as narrativas históricas e culturais em torno do clitóris, expondo como esse órgão, único em sua função dedicada exclusivamente ao prazer, foi sistematicamente apagado do pensamento ocidental. Ignorado em representações artísticas, discussões científicas e até mesmo em tratados médicos, o clitóris foi relegado à invisibilidade, refletindo uma intolerância patriarcal em relação à autonomia e ao prazer de certos corpos. O livro explora como esse apagamento moldou nossa compreensão sobre sexualidade e identidade.
Malabou avança o debate ao sugerir que, embora o clitóris tenha ganhado algum reconhecimento recente, ele permanece subteorizado e envolto em mistério. Para a autora, o apagamento histórico desse órgão não é apenas um reflexo da negligência, mas também uma estratégia para manter a rígida separação entre o masculino e o feminino. O clitóris, com sua capacidade de transcender categorias binárias, emerge como um símbolo de resistência e transformação. Malabou propõe que sua existência e função podem ressignificar conceitos normativos de gênero, prazer e corpo.
Com uma abordagem crítica e interdisciplinar, o livro se destaca ao incorporar problematizações queer, intersex e trans à discussão feminista tradicional, ampliando os horizontes teóricos. Ao tratar o clitóris como um órgão de pensamento, Malabou oferece uma nova perspectiva sobre sua importância, não apenas como fonte de prazer, mas como catalisador de reflexões sobre autonomia, sexualidade e subjetividade. O prazer censurado – Clitóris e pensamento é um convite provocador e necessário à reavaliação das construções socioculturais sobre o corpo humano.
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Título: O prazer censurado – Clitóris e pensamento
Autora: Catherine Malabou
Tradução: Célia Euvaldo
Editora: Ubu
Número de páginas: 128