
Em O Último Dia da Infância, Marcelo Moutinho conduz o leitor por uma jornada sensível e nostálgica, repleta de lirismo e reflexões sobre o amadurecimento e a passagem do tempo. Dividido em três partes, preâmbulo, intermezzo e epílogo, o livro reúne crônicas que exploram com ternura e humor as emoções e os ciclos da vida. A obra se inicia com “Mãe – um tríptico”, um relato comovente sobre a morte da mãe do autor às vésperas do Natal, que transforma o luto em uma oportunidade de reflexão profunda sobre a despedida e a maturidade. A frase marcante “Talvez a perda dos pais seja o último dia da nossa infância” sintetiza a ideia de que o fim da inocência acontece quando somos confrontados pela ausência.
No intermezzo, Moutinho equilibra momentos de introspecção e leveza. Em “Janelas acesas de apartamentos”, ele transforma situações banais, como observar uma cena cotidiana, em poesia que desperta afeto e saudade. Já em “A cidade foi feita para o sol”, o autor explora com humor e vivacidade o universo dos bares cariocas, histórias de samba e personagens inusitados que dão cor ao cotidiano urbano. Textos como “Rolezinho em Madureira” mostram seu olhar atento às contradições e à riqueza cultural da cidade, com uma escrita que celebra a espontaneidade e o senso de comunidade.
O epílogo encerra a obra com ternura, especialmente em “Estrela da Vó Guida s/nº”, uma carta escrita por Lia, a filha do autor, para sua avó já falecida. A narrativa evoca o poder das memórias e a permanência dos laços afetivos mesmo diante da finitude. O Último Dia da Infância é um convite à contemplação das pequenas alegrias e dores que compõem a existência, reforçando a beleza do efêmero e a importância de acolher os sentimentos em todas as suas nuances. Marcelo Moutinho equilibra melancolia e leveza, criando uma obra tocante, capaz de transformar o cotidiano em poesia.
Título: O Último Dia da Infância
Autor: Marcelo Moutinho
Gênero: Crônicas
Editora: Mal
Número de páginas: 172