Em sua estreia literária, a maranhense Kika Bastos mergulha nas complexidades do amor e da autodescoberta com Infinito em mim (Editora Lacre), um romance que explora os dilemas de uma mulher de 40 anos dividida entre a razão e uma paixão proibida. A obra, apresentada pela jornalista Fernanda Grael, combina narrativa epistolar, referências musicais e uma reflexão sobre recomeços, convidando o leitor a uma jornada íntima e sensível.

A trama acompanha Priscila, funcionária de um banco de investimentos, que vê sua relação formal com o chefe, Ricardo, transformar-se em uma conexão intensa por meio de trocas de e-mails. Nas mensagens, a personagem oscila entre expor seus desejos e conter as emoções, usando letras de músicas de artistas como Seu Jorge, Zélia Duncan e Arnaldo Antunes para expressar o que palavras convencionais não conseguem. A playlist criada por Kika Bastos, disponível para os leitores, funciona como trilha sonora da narrativa, reforçando o clima de tensão e entrega que permeia a história.

Com uma escrita fluida, a autora constrói um retrato realista dos conflitos de uma mulher em busca de identidade além dos estereótipos sociais. Priscila desafia convenções ao se permitir sentir uma paixão que não compreende totalmente, enquanto lida com as expectativas da vida adulta e a pressão por estabilidade. A trama questiona até onde vale a pena arriscar por um amor que redefine limites, sem cair em idealizações fáceis.

Kika Bastos traz para a ficção sua própria relação com a música, herdada do pai sanfoneiro, e a experiência como autora do blog Musicalmente Falando (2003-2007), onde escrevia crônicas inspiradas em letras de canções. Esse background transborda em Infinito em mim, onde as referências musicais não apenas ambientam a história, mas também aprofundam a psicologia da protagonista. A obra é, acima de tudo, um testemunho de como a arte pode ser um refúgio e uma ferramenta de reinvenção.

Mais do que um romance sobre amor proibido, Infinito em mim é um convite a encarar as incertezas da vida com coragem. Kika Bastos mostra que, mesmo em meio à dor e ao medo, é possível traçar novos caminhos — uma mensagem que ressoa com quem já precisou reescrever sua própria história.

Serviço:
Título: Infinito em mim
Autora: Kika Bastos
Editora: Lacre
Páginas: 240