Neste 8 de março, o Livronews fez uma seleção especial de sugestão de leituras com foco no feminismo.

O Segundo Sexo, Simone de Beauvoir
Publicado originalmente em 1949, O Segundo Sexo consagrou Simone de Beauvoir como uma das vozes mais influentes da filosofia mundial. A obra, longe de se tornar datada, permanece atemporal e essencial, consolidando-se como um marco definitivo no pensamento sobre a condição feminina. Esta edição em boxe preserva a divisão original em dois volumes. No primeiro volume, a autora explora os fatos e os mitos que envolvem a condição da mulher, oferecendo uma reflexão profunda e fascinante. No segundo volume, Beauvoir analisa a mulher em suas múltiplas dimensões: sexual, psicológica, social e política, proporcionando uma visão abrangente e transformadora sobre o tema.

O mito da beleza, Naomi Wolf
O Mito da Beleza, de Naomi Wolf, é um clássico da terceira onda feminista, publicado em 1991, que redefine a relação entre beleza e identidade feminina. A obra denuncia como os padrões de beleza são usados como mecanismos de controle social para limitar a emancipação intelectual, sexual e econômica das mulheres. Wolf explora o impacto opressor desses padrões em diversos contextos, como trabalho, mídia e relações interpessoais, e confronta a indústria da beleza, abordando temas como distúrbios alimentares, cirurgia plástica e pornografia. Esta edição revisada e ampliada inclui uma apresentação que atualiza a relevância do livro para os leitores atuais, destacando sua importância após mais de duas décadas fora das livrarias brasileiras.

Quem tem medo do feminismo negro?, Djamila Ribeiro
Quem Tem Medo do Feminismo Negro? reúne um ensaio autobiográfico inédito e artigos de Djamila Ribeiro publicados entre 2014 e 2017. No texto inicial, a autora reflete sobre o “silenciamento” que sofreu na infância e adolescência devido ao racismo e ao sexismo, superando essa invisibilidade ao entrar em contato com autoras negras que a inspiraram a valorizar suas raízes. O livro aborda temas como empoderamento feminino, interseccionalidade, intolerância religiosa, cotas raciais e as origens do feminismo negro, dialogando com pensadoras como Chimamanda Ngozi Adichie, bell hooks e Conceição Evaristo. Com uma escrita engajada, Djamila discute questões cotidianas e a importância do feminismo negro na luta por equidade e justiça social.

Sejamos todos feministas, Chimamanda Ngozi Adichie
Chimamanda Ngozi Adichie recorda vividamente o dia em que foi chamada de feminista pela primeira vez, durante uma discussão com seu amigo de infância Okoloma. O termo não foi usado como elogio, mas como uma acusação, quase como se ela apoiasse algo radical ou inaceitável. Apesar disso, Adichie abraçou a palavra e se definiu como uma “feminista feliz e africana que não odeia homens, e que gosta de usar batom e salto alto para si mesma, e não para os outros”. Neste ensaio perspicaz e revelador, a autora parte de suas vivências como mulher e nigeriana para discutir a importância da igualdade de gênero, mostrando que ainda há muito a ser feito para alcançá-la. Ela argumenta que a luta feminista beneficia a todos, homens e mulheres, ao libertar meninas da pressão de expectativas alheias e permitir que meninos cresçam livres de estereótipos tóxicos de masculinidade. Sejamos Todos Feministas é uma adaptação de seu aclamado discurso no TEDx Euston, que conquistou milhões de visualizações e até inspirou uma música de Beyoncé. Com clareza e sensibilidade, Adichie nos convida a sonhar e construir um mundo mais justo, onde todos possam ser autênticos e felizes, livres das amarras de gênero.

Mulheres que correm com os lobos, Clarissa Pinkola Estés
Os lobos, frequentemente retratados como criaturas temíveis nos contos de fada, nem sempre foram vistos como símbolos de violência. Na Grécia Antiga e em Roma, eles eram associados à deusa Artemis e até amamentavam heróis. A analista junguiana Clarissa Pinkola Estés utiliza essa metáfora para explorar como a natureza instintiva das mulheres foi reprimida ao longo da história. Em Mulheres que Correm com os Lobos, best-seller que permaneceu um ano na lista dos mais vendidos nos Estados Unidos, Estés investiga 19 mitos, lendas e contos de fada, como o do patinho feio e do Barba-Azul, para revelar como a essência selvagem e instintiva da mulher foi domesticada, punindo aquelas que ousaram se rebelar. A autora compara a supressão dos instintos femininos à devastação das florestas e dos animais selvagens, mostrando como os ciclos naturais das mulheres foram distorcidos para atender às expectativas sociais. No entanto, ela acredita que essa energia vital pode ser recuperada por meio de “escavações psíquico-arqueológicas” no mundo interior, até que a loba corajosa, que habita cada mulher, possa emergir das camadas de condicionamento cultural. Um clássico dos estudos sobre o sagrado feminino e o feminismo, esta edição especial do livro ganha novo projeto gráfico e capa dura, reafirmando sua relevância atemporal.

Mulheres invisíveis, Caroline Criado Perez
Desde os primórdios da humanidade, a observação do mundo — hoje conhecida como coleta de dados — tem sido a base das grandes conquistas, do controle do fogo às inovações tecnológicas. Esses dados moldam a ciência, influenciam a alocação de recursos e direcionam o desenvolvimento da sociedade. No entanto, como revela Caroline Criado Perez em Mulheres Invisíveis, há um problema grave: as mulheres são sistematicamente excluídas desses dados. A autora expõe como o olhar predominante trata o homem como padrão universal, relegando as mulheres a uma posição de “atipicidade”. Mesmo quando os dados incluem informações sobre o universo feminino, eles são frequentemente ignorados, perpetuando e aprofundando a desigualdade de gênero.Com uma abordagem inovadora, Caroline utiliza estudos de caso e números para mostrar como essa invisibilidade impacta a vida das mulheres em diversas áreas, desde a saúde até o trabalho e o espaço público. Ela demonstra que o preconceito de gênero não é apenas uma questão subjetiva, mas um problema estrutural enraizado na forma como coletamos e usamos dados. Mulheres Invisíveis é uma leitura transformadora e necessária, que desafia nossa visão do mundo e nos convida a repensar como construímos uma sociedade mais justa e igualitária.

Persépolis, Marjane Satrapi
Persépolis, a autobiografia em quadrinhos da iraniana Marjane Satrapi, ganha uma edição em volume único que reúne as quatro partes da história. Eleito um dos melhores livros do século XXI pelo The New York Times, a obra narra a vida de Marjane, que aos dez anos foi obrigada a usar o véu islâmico e estudar em uma sala de aula só para meninas. Nascida em uma família moderna e politizada, ela testemunhou, em 1979, o início da revolução que mergulhou o Irã nas trevas do regime xiita, mais um capítulo na longa história de opressão do povo persa. Vinte e cinco anos depois, com a perspectiva da menina que foi e a consciência política da adulta que se tornou, Marjane emocionou leitores com essa narrativa gráfica poderosa, que vendeu mais de 400 mil exemplares apenas na França. Em Persépolis, o pop se mistura ao épico, o Oriente encontra o Ocidente, e o humor se entrelaça ao drama, revelando um Irã muito mais próximo e humano do que poderíamos imaginar. Uma obra que transcende fronteiras e conecta culturas, mostrando a força de uma voz que resiste e ressoa universalmente.

O feminismo é para todo mundo, bell hooks
O Feminismo é para Todo Mundo, de bell hooks, é uma obra essencial que apresenta a visão de uma das mais influentes feministas negras da atualidade. Com clareza e acessibilidade, hooks explora questões fundamentais do movimento feminista, destacando as lutas específicas das mulheres não brancas e enfatizando que o feminismo é uma causa universal, destinada a todos — homens, mulheres, crianças e pessoas de todos os gêneros e idades. A autora, reconhecida como uma das principais intelectuais norte-americanas e uma das 100 Pessoas Visionárias que Podem Mudar Sua Vida, defende que o feminismo é um compromisso contra o sexismo, a exploração e todas as formas de opressão. Ela convida os leitores a entenderem como o feminismo pode transformar positivamente a vida de cada indivíduo, promovendo uma sociedade mais justa e amorosa. Neste livro, hooks aborda temas como políticas feministas, direitos reprodutivos, beleza, luta de classes, feminismo global, trabalho, raça, gênero e o fim da violência. Além disso, ela discute educação feminista, masculinidade feminista, maternagem e paternagem libertadoras, casamento e companheirismo igualitários, política sexual, lesbianidade, amor, espiritualidade e um feminismo visionário. Uma obra inspiradora e necessária, que convida todos a se engajarem na construção de um mundo mais igualitário