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Jabuti 2024: o olhar de quem publica

Editores que tiveram livros indicados comentam a inclusão na lista de semifinalistas do maior prêmio literário brasileiro. Resultado sai no dia 19 de novembro

Por Fábio Lucas

Se escritoras e escritores se emocionam com a indicação ao que pode ser considerado o Oscar da literatura no Brasil, o Prêmio Jabuti, concedido pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) há 66 anos, os editores também não escondem a satisfação com a possibilidade de suas obras saírem vitoriosas. Na semana passada, a CBL divulgou os dez classificados em cada uma das 22 categorias, que receberam 4.170 inscrições. 

Até a próxima terça, 5 de novembro, quando serão anunciados os cinco finalistas por categoria, todos poderão alimentar o sonho da premiação. E duas semanas mais tarde, os vencedores serão conhecidos, no auditório do Ibirapuera, em São Paulo, em solenidade festiva marcada para 19 de novembro. 

Ao mesmo tempo em que mantém a tradição do reconhecimento ao trabalho das editoras mais conhecidas, o Jabuti abre as portas para a renovação no mercado editorial, chamando a atenção para a diversidade das casas produtoras de livros. Em 2024, o Grupo Companhia das Letras aparece com 28 semifinalistas, seguido pelo Grupo Editorial Record e a Todavia, com 9. A Patuá tem 7 indicações, a Fósforo, 5, a Editora 34 e a Urutau, 4, e a Planeta, 3. Seis editoras comemoram dois livros entre os semifinalistas: WMF Martins Fontes, PeraBook, HarperCollins, Antofágica, FTD e Veneta. Entre as muitas que torcem por apenas um concorrente na fase final, estão a Cepe, a Laranja Original, a Cousa, a Arquipélago, a Maquinaria, a Macabéa, a Quelônio, a Folhas de Relva e a Aboio. 

Alguns editores semifinalistas falaram para o Livronews. Confira:



“Uma bela estreia na poesia”

Diogo Guedes, editor da Companhia Editora de Pernambuco – Cepe – que publicou “Meu amor é político”, de Dalgo Silva, classificado na categoria Escritor Estreante – Poesia:

“O destaque para Dalgo Silva no Jabuti 2024 traz uma dupla felicidade: a de em ver uma bela estreia na poesia figurar na listagem, e também a de reconhecer o papel do Prêmio Cepe Nacional de Literatura em revelar excelentes obras e autores”. 



Um livro “aos que gritam” e “aos que não conseguem gritar”

Germana Zanettini, editora da Laranja Original, que publicou “Estranho seria se você soubesse”, classificado na categoria Conto:

“Homofobia, violência, preconceito, vulnerabilidade social, temas ainda tão necessários de serem trabalhados, são a tônica dos contos de Aramyz. O livro é dedicado “aos que gritam” e “aos que não conseguem gritar”. Fizemos um trabalho de edição bastante criterioso e contamos com o talento de artistas como Alex Flemming, que cedeu uma de suas obras para a capa, e Marcelino Freire, que fez um belo texto de orelha. Para mim, como editora, é uma grande alegria ver o livro alçar voo e alcançar cada vez mais leitores.”



Nove indicados em sete categorias

Cassiano Elek Machado, diretor editorial do Grupo Record, que reuniu nove indicações ao Jabuti este ano – Bethânia Pires Amaro em Conto, Luiz Antonio Simas e Nélida Piñon em Crônica, Ruy Espinheira Filho em Poesia, Adriano Vieira Lomar em Romance de Entretenimento, Joice Berth em Economia Criativa, Eduardo Moreira em Saúde e Bem-Estar, Eurico Cabral e Cecília Madonna Young em Escritor Estreante – Romance: 

“Ficamos muito contentes de termos nove indicados para o Prêmio Jabuti. As indicações, em sete categorias diferentes, ilustram a amplitude da produção do nosso Grupo. Esta pluralidade fica clara também pela quantidade de selos contemplados com indicações: temos livros do selo Record, mas também da Civilização Brasileira, Paz & Terra e José Olympio.”



Possibilidades narrativas e economia criativa

Alexandre Martins Fontes, editor da WMF Martins Fontes, que publicou “As artes do livro na biblioteca de Gustavo Piqueira”, de Gustavo Piqueira, em co-edição com a Ateliê, e “Criatividade e emancipação nas comunidades-rede”, com organização de Cláudia Sousa Leitão, respectivamente classificados nas categorias Projeto Gráfico e Economia Criativa:

“Estamos muito felizes com a presença de dois dos nossos títulos entre os semifinalistas do Jabuti, o prêmio literário mais importante da indústria editorial brasileira: “As artes do livro na biblioteca de Gustavo Piqueira”, do renomado designer Gustavo Piqueira (co-edição com a Ateliê Editorial), e “Criatividade e emancipação nas comunidades-rede”, organizado por Cláudia Sousa Leitão (parceria com o Observatório Itaú Cultural).
O livro do Gustavo Piqueira, lindo de morrer, apresenta uma riquíssima análise das possibilidades narrativas desse objeto mágico, maravilhoso e inigualável chamado livro.
A obra organizada pela Cláudia Leitão promove uma reflexão sobre políticas públicas de economia criativa no Brasil. Duas importantes contribuições para a cultura contemporânea do nosso país.”



“Prospecção cuidadosa de novos originais”

Luciane Ortiz, gerente editorial da PeraBook, que publicou “O voo do ovo” de Raquel Matsushita, classificado na categoria Infantil, e “A bicicleta do tempo” de Daniela Pinotti e Marcelo Maluf, ilustrado por Matheus Furtado, na Juvenil:

“Para nós da PeraBook, ter dois livros entre os semifinalistas do Jabuti é uma alegria imensa. Principalmente porque temos somente um ano e meio no mercado editorial, somos uma editora muito jovem. Mesmo com um catálogo em construção, conseguimos ter obras que ganharam o reconhecimento do júri. Isso nos dá fôlego para continuar apostando na qualidade dos livros e na prospecção cuidadosa de novos originais. Parabéns a Raquel Matsushita, Marcelo Maluf, Daniela Pinotti e Matheus Furtado, e nosso agradecimento a esses autores que toparam a parceria com a gente”. 



“Acreditar no livro”

Saulo Ribeiro, da editora Cousa, que publicou “Dança no alto da chama” de Mariana Ianelli, classificado na categoria Poesia:

“Já é a terceira vez que a gente está entre os semifinalistas do prêmio. Na primeira fomos à final e ganhamos, com “Histórias ao redor”, de Flávio Carneiro. No ano passado, fomos para a final, ficamos entre os cinco, com o “Guia anônima”, de Junia Zaidan, um livraço que chamou a atenção. Este ano, semifinalistas com Mariana Ianelli. Um livro que acredito tanto, tão bonito. Tenho certeza que vai persistir até o final, com grande chance de levar essa estatueta. Mas se não levar, não tira em nada a paixão, o acreditar no livro, que a gente tem aqui na Cousa”. 



“É uma felicidade ver esse livro ganhar o mundo”

Alexandre Staut, editor da Folhas de Relva, que publicou “Diários em mar aberto” de Leonardo Tonus, classificado na categoria Livro Brasileiro Publicado no Exterior:

“É uma alegria ver um livro da Folhas de Relva entre os semifinalistas do Jabuti. Ainda mais o livro do Leo, indicado pela tradução para o alemão. É uma felicidade ver esse livro ganhar o mundo. Leo é um autor incrível, além de professor que leva a literatura brasileira pra França, está agora se dedicando à poesia. O livro já ganhou um prêmio, entre as melhores publicações da Baviera, e já foi adotado pela Prefeitura de São Paulo. Aos pouquinhos a gente vai conseguindo fazer acontecer os livros da editora”. 



“A reunião de várias vitórias”

Renata Sturm, CEO da Maquinaria Sankto Editora, que publicou “Deixe de ser pobre: os segredos para você sair da pindaíba e conquistar sua independência financeira”, de Eduardo Feldberg, classificado na categoria Economia Criativa:

“O Prêmio Jabuti é a maior premiação da literatura hoje. Estar entre os semifinalistas significa ser selecionado entre milhares de livros publicados no Brasil todos os anos.
Estou há mais de 20 anos atuando no mercado editorial. E vi o prêmio passar por várias atualizações, como premiar um livro independente, por exemplo. A categoria de Economia Criativa é recente. Ela foi criada em 2018, quando o Prêmio Jabuti passou por uma reformulação.

Ter nosso livro ‘Deixe de ser pobre: os segredos para você sair da pindaíba e conquistar sua independência financeira’, entre os semifinalistas é a reunião de várias vitórias.
Primeiro, o autor, Eduardo Feldberg, é um influenciador digital que fala de educação financeira de um jeito bem brasileiro. Além disso, seu livro tem um papel importante em formar leitores adultos, em um país que sofre com analfabetismo funcional e baixos índices de leitura. Recebemos diversos depoimentos de pessoas que diziam que ‘Deixe de ser pobre’ era o primeiro livro que “conseguiam ler até o final” ou que era o ‘primeiro livro que liam na vida’. 

Quando editamos essa obra do Feldberg, também conhecido como Primo Pobre, pensamos nesse leitor em todo o projeto. Da escrita fluida e bem-humorada do Eduardo, até o projeto gráfico desenvolvido aqui pela nossa equipe da Maquinaria Editorial.
‘Deixe de ser pobre’ é o livro mais vendido da Maquinaria Sankto hoje, com mais de 100 mil exemplares vendidos em um ano.

Nossa expectativa é de levar o livro e o autor para a final. E podermos celebrar mais uma conquista dessa obra”.



“Isso já é receber o próprio prêmio”

Priscila Branco, da Macabéa (centro), com Milena Martins Moura e Bianca Monteiro Garcia. Foto: Divulgação

Priscila Branco, editora da Macabéa, que publicou “Breve ato de descascar laranjas”, de Bianca Monteiro Garcia, classificado na categoria Escritor Estreante – Poesia:

“Foi uma felicidade muito grande quando descobrimos que o livro de estreia da Bianca se tornou semifinalista do Jabuti! Para uma casa editorial independente e pequena como a Macabéa Edições, isso já é receber o próprio prêmio. Como editora de Breve ato de descascar laranjas, vibro e me emociono com o sucesso do livro, que vem alcançando e tocando muitos leitores!”


Para ver a lista completa dos semifinalistas, acesse www.premiojabuti.com.br

Leia também depoimentos de escritores semifinalistas em matéria especial do Livronews. 

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