A coluna Literária, do jornalista Fábio Lucas, é publicada pelo JC
Conversar com escritoras e escritores é se aproximar do que são e pensam as pessoas que se transformam em livros – é ler a mente por trás das obras
Tive a sorte de entrevistar José Saramago, décadas atrás, quando de sua passagem por Brasília, onde quase iniciava na profissão, cerca de dois anos depois de me formar na Unicap, no Recife. Deslumbrado pelo autor de “Objecto quase”, escutei o já então badaladíssimo escritor português falar por quase duas horas. Na entrevista, registrada nas páginas da extinta edição regional da Gazeta Mercantil DF, Saramago define a posição de quem se dedica à literatura: “O escritor é um lugar em que o tempo escreve”.
Durante a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) deste ano, encerrada na semana passada, segui aproveitando o privilégio de conversar com seres que guardam e ativam a escrita do tempo. Em improvisado estúdio montado na Casa Gueto, um dos espaços mais movimentados do evento, e em ambientes do lado de fora, passaram quase 30 autoras e autores que participaram da programação oficial e dos debates e lançamentos na agenda paralela. As experiências gratificantes estão no canal do Livronews do Youtube. Micheliny Verunschk, Tom Farias, Henrique Rodrigues, Jeferson Tenório, Morgana Kretzmann, Anabella Lopez, Marcela Dantés, Mariana Salomão Carrara, Raissa Lettiere, Karine Asth, Daniela Arrais, Carla Guerson, Yara Fers, Taiane Santi Martins, Samantha Buglione, Bethania Pires Amaro, Tatiana Nascimento e Suzana Amorim estão nessa lista. Há mais. Foi uma maratona de entrevistas, e vale maratonar feito série. Além de conversas com editores, influenciadoras literárias, e com o secretário nacional de formação, do livro e leitura do MinC, Fabiano Piúba – a mais longa e didática do conjunto, abordando a política federal para o acesso à leitura no país.
Lugares em que o tempo se concentra e se expressa, quem escreve tem muito a dizer. É bom e necessário escutar o que dizem, e como dizem, para que possamos ler melhor suas obras, e fazer parte do livro do tempo em que estamos juntos.
Novo de Marcelino
Vem aí pela Amarcord, selo da Record, o novo livro de Marcelino Freire: “Escalavra”, um romance megalítico, segundo o autor. “O que a gente compartilha com o leitor e a leitora é o mistério. O que fica de um livro é o mistério. Que a gente não quer guardar só para gente. Um trabalho para desvendarmos juntos e juntas”, escreveu o escritor pernambucano em suas redes sociais.
O diabo das províncias
A Livraria da Travessa de Pinheiros, em São Paulo, abrigou no último dia 14 o lançamento do romance “O diabo das províncias”, do colombiano Juan Cárdenas. Antes dos autógrafos houve debate com o paraibano Cristhiano Aguiar, que identifica similaridades da obra de Cárdenas com o Nordeste brasileiro. A publicação é da DBA. No Instagram do Livronews, entrevista exclusiva com os escritores. Acesse @livronewsnoinsta e assista.
Mary del Priore em Minas
A Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais recebe a historiadora Mary del Priore na terça, 22, pelo projeto Sempre Um Papo. Na ocasião será lançado seu livro “Segredos de uma família imperial”, em publicação da Planeta. A mediação será de Jefferson da Fonseca. Com entrada gratuita, em Belo Horizonte, a partir das 19h30.
Livro e cidadania
O sexto episódio do podcast do Livronews exibe o debate sobre eventos literários, com a participação de Rogério Robalinho, da Bienal do Livro de Pernambuco, Lizandra Magon, da Liga Brasileira de Editoras – Libre, Gisele Ferreira do Flipoços, em Poços de Caldas, e Pierre André Ruprecht, do SP Leituras. Para Robalinho, as dificuldades para a produção de eventos literários fora das regiões Sul e Sudeste são desanimadoras. “O Brasil é um país muito vasto, do tamanho de um continente. A gente quer pertencer a esse universo de transformação. O livro é o primeiro degrau da cidadania, pode ser interpretado como um direito humano, na medida em que fortalece nosso senso crítico”, defende. Veja o debate no canal do Livronews no Youtube, onde também estão disponíveis outros episódios.
Residência literária
O Festival Literário Internacional de Poços de Caldas (Flipoços), o Instituto Camões e o Consulado de Portugal em Belo Horizonte lançaram a 5ª edição da Residência Literária para autores portugueses na cidade mineira durante o evento, que acontece de 26 de abril a 4 de maio de 2025. Abertas em 30 de setembro, as inscrições para escritores residentes em Portugal vão até 30 de outubro. “Sempre tivemos um olhar especial à língua portuguesa, algo que tem se intensificado a cada ano, com a presença dos portugueses como parte das atividades oficiais do Festival”, destaca Gisele Ferreira, idealizadora e curadora do Flipoços, que celebra 20 anos na próxima edição.
Clube de Poesia
Evelyn Blaut e Michaela Schmaedel fazem a mediação do Clube de Leitura do Astrolabio, na próxima sexta, 25. O livro em foco será “Poema do desaparecimento” de Laura Liuzzi, publicado pelo Círculo de Poemas. A autora estará presente ao encontro, que será virtual, a partir das 5 da tarde. Mais informações no site www.oastrolabio.com.br.
Debaixo dos panos
A livraria Patuscada, em São Paulo, receberá no sábado, 26, o lançamento do primeiro romance de Tessi Ferreira. “Debaixo dos panos”, publicado pela Patuá, convida a leitora e o leitor a uma jornada de autodescoberta. “É importante que os homens leiam o que as mulheres têm a dizer; só assim poderemos construir diálogos férteis sobre a opressão de gênero”, diz a autora, que também é palhaça, atriz, produtora cultural e arte educadora. O evento começa às 5 da tarde.
Paisagem de porcelana
A Maralto publica nova edição do romance “Paisagem de porcelana” de Claudia Nina, dez anos depois de sua publicação pela Rocco. A nova edição traz textos inéditos, e comemora os 20 anos da carreira literária da autora. A obra integra o Programa de Formação Leitora Maralto, iniciativa voltada para escolas de todo o país.
Meio do céu
“Uma peça de teatro que talvez nunca seja encenada”. É assim que o autor Ubiratan Muarrek define a obra “Meio do céu”, publicação da Assírio & Alvim, lançada na semana passada em São Paulo, com sessões de autógrafos previstas para o Recife, Rio de Janeiro, Brasília e Lisboa, nos próximos meses. O cotidiano de uma família pernambucana na Inglaterra é o ponto de partida da história, que traz o absurdo de Kafka e Samuel Beckett por inspiração. Para o dramaturgo Léo Lama, que assina a apresentação, trata-se de “uma obra de dramaturgia no mínimo, original. Explicitar se é tragédia, comédia, drama, isso ou aquilo, é diminuir; melhor evidenciar a mistura”.
Orar faz muito bem!
Escritor e comunicador católico, o padre Alex Nogueira faz turnê por três capitais para autografar seu best-seller “Orar faz muito bem!”, publicação das Edições Loyola. O autor estará em Brasília no próximo dia 28, no Recife em 12 de novembro, e em Belo Horizonte no dia 13 de novembro. Na Livraria Leitura em todas as cidades, das 2 da tarde até as 10 da noite. A obra tem mais de 50 mil exemplares vendidos desde maio, com trechos do Pai Nosso. Padre Alex conta com mais de 2 milhões de inscritos em seu canal no Youtube.
Sons e sabores
A diversidade cultural brasileira preenche as páginas do livro de Morena Leite e Moreno Veloso, temperando gastronomia e música. As receitas da chef Morena Leite põem a essência do país à mesa, enquanto Moreno Veloso relaciona a comida à música popular. “A obra transforma pratos e músicas em protagonistas de uma celebração sensorial, unindo culinária e arte de forma harmoniosa”, segundo a divulgação. A publicação é da Senac, e toda a venda é destinada ao Instituto Capim Santo, fundado por Morena Leite, que já formou mais de 7.500 alunos, oferecendo cursos de culinária para pessoas em situação de vulnerabilidade.
Mulher em migração
A escritora e artista visual paraense Irena Costa está lançando a coletânea “Essa é a história de uma mulher em migração”, pelo selo Macabeana. A obra reúne material artístico desenvolvido ao longo de uma década “na busca pela voz narrativa de uma história sobre uma mulher em busca de mudanças na vida”. O prefácio é de Cecília Salles, professora de Comunicação e Semiótica da PUC-SP.
Eu me chamo Antônio
Está em pré-venda a edição definitiva de “Eu me chamo Antonio”, de Pedro Gabriel. “Além de 365 guardanapos conhecidos e inéditos, você vai encontrar algumas narrativas que homenageiam as pessoas que abriram meus caminhos no mundo das letras e dos desenhos”, conta o autor no Instagram @eumechamoantonio. Para conhecer e apoiar, a campanha de financiamento da publicação pode ser encontrada no Catarse.