Em Membrana, Jorge Carrión entrega uma obra ousada e multidimensional, ambientada no ano 2100, onde uma inteligência artificial narra a história da humanidade por meio da relação entre tecnologia, ética e identidade. Estruturado como uma exposição permanente em um museu fictício, o livro desafia os limites entre realidade e ficção científica, conduzindo o leitor por uma jornada que mescla reflexões críticas e poéticas sobre a evolução social e tecnológica. A narrativa não apenas informa, mas questiona, abrindo espaço para debates profundos sobre os rumos da humanidade.
Ao longo da trama, acompanhamos a história de Karla Spinoza, uma das poucas humanas restantes, e Maxi, um assistente de voz que transcende sua função inicial, trazendo à tona questões sobre amor, humanidade e mutabilidade. Essa relação híbrida é explorada como uma metáfora para a condição tecno-humana, destacando o impacto transformador das inovações na construção de nossas identidades. A narrativa é enriquecida por referências históricas e culturais que conectam passado e futuro, criando um mosaico narrativo que transita entre o real e o imaginado.
Com um estilo que mistura ficção científica, crítica de arte e ensaio literário, Carrión aposta na permanência das narrativas e do museu como espaço de resistência e reflexão. O livro provoca o leitor a questionar a hiper-realidade contemporânea, onde realidade e simulação se confundem. Além disso, Membrana mantém a essência do romance tradicional, com personagens complexos, dramas emocionais e um pano de fundo de espionagem algorítmica que decide os destinos do planeta.
Carrión, conhecido por seus romances e ensaios premiados, consolida sua reputação como uma das vozes mais inventivas da literatura contemporânea. Membrana é uma leitura imperdível para fãs de ficção científica e ensaios críticos, convidando à reflexão sobre o futuro e o papel da narrativa como forma de existir e resistir.
Título: Membrana
Autor: Jorge Carrión
Tradução: Michelle Strzoda
Editora: Relicário
Páginas: 200
Onde comprar: Relicário