Coluna Literária, do jornalista Fábio Lucas, publicada originalmente no JC
Primeira temporada do podcast do Livronews traz debates com setores diversos do mercado editorial, reunidos em dez episódios semanais
No mesmo dia em que entidades ligadas ao livro entregaram uma carta ao presidente da República, na solenidade oficial de abertura da Bienal Internacional do Livro de São Paulo, em defesa da importância da aprovação da Lei Cortez no Congresso Nacional, foi ao ar o primeiro episódio do podcast do Livronews, com o tema “Um país de livros e leitores”. A legislação que tramita no Parlamento há quase dez anos trata da proteção das livrarias enquanto espaços de relevância social, e não apenas empreendimentos econômicos. O estabelecimento de um prazo para a manutenção de preços sem descontos para a comercialização de lançamentos limita a prática considerada abusiva pelo setor – e de fato é – comum a grandes plataformas de venda que não dependem dos livros para sua viabilidade financeira, como as livrarias dependem.
O governo federal promete se engajar no processo legislativo, e apoiar a aceleração dos trâmites e da votação da Lei Cortez no Senado. Assim como trabalhar por sua aprovação na Câmara, em seguida. A questão envolve a sobrevivência do ecossistema que abrange os negócios do livro, das gráficas às editoras e livrarias, e a percepção de que o preço desse item é alto. “O preço do livro no Brasil está 30% mais barato do que estava dez anos atrás. O livro no Brasil hoje é muito barato em relação a outros mercados. E deveria estar mais caro para remunerar a indústria e a cadeia do livro”, disse o livreiro e editor Alexandre Martins Fontes, presidente da Associação Nacional de Livrarias (ANL) no primeiro episódio do podcast Livronews. Também participam do bate-papo os livreiros Rui Campos, da Travessa, e Adalberto Ribeiro, da Simples. O programa completo está disponível gratuitamente no Spotify e no YouTube do Livronews.
As próximas edições que irão ao ar ampliam as discussões com livrarias, editoras, escritores, produtores de eventos, cursos de literatura, bibliotecas, profissionais de comunicação e mediadores. “Nossa luta é a luta de toda a sociedade brasileira. Queremos um país mais justo, onde todos tenham acesso irrestrito à leitura e à educação. Sonhamos com um país repleto de livros e de livrarias repletas de leitores”, afirmou Alexandre Martins Fontes em suas redes sociais, já na repercussão do podcast. O site www.livronews.com.br também está aberto, com mais informações, lançamentos e notícias do mundo literário.
Jornalistas na Convenção da ANL
Durante a Convenção Nacional de Livrarias, nos dias 4 e 5, antes da abertura da Bienal do Livro de São Paulo, a coluna Literária do JC-PE participou de conversa com Maria Fernanda Rodrigues, do Estadão, Guilherme Sobota do Publishnews, Paulo Werneck da Revista 451 e Rodrigo Casarin do UOL. O apoio mútuo entre a imprensa e o mercado editorial foi um dos pontos levantados no bate-papo, para alcance do objetivo comum: mais leitores e cidadãos críticos, bem informados pelos livros e veículos de comunicação.
Fliparacatu
Quase 80 escritores passaram pela programação da segunda edição do Festival Literário Internacional de Paracatu – Fliparacatu, em Minas Gerais, de 28 de agiosto a 1º de setembro. O público de cerca de 25 mil pessoas circulou pelo Centro Histórico da cidade, no empreendimento cultural idealizado por Afonso Borges, que considera o evento uma “celebração de respeito e dignidade do autor brasileiro”. Um dos momentos de grande emoção foi a entrega do Prêmio de Redação e Desenho para 21 alunos e alunas de escolas públicas e privadas de Paracatu. Os estudantes desenvolveram suas criações depois de visitarem a exposição “Muros Invisíveis: professores negros”, em homenagem a professores da rede municipal de ensino.
A Letra e a Voz
Neste domingo, 8, o Festival Recifense de Literatura A Letra e a Voz realiza o debate “Pontes com o mundo”, na Av. Rio Branco, na capital pernambucana. Com Barbara Belloc, da Argentina, Luis Serguilha, de Portugal, e Patricia Vasconcellos, do Brasil, e a mediação de Rodrigo Vasconcellos, a partir das 3 da tarde. Em seguida, haverá sessão de autógrafos com Barbara Belloc e a pernambucana Luna Vitrolira. O evento tem o apoio da Academia Pernambucana de Letras e do Instituto Cervantes.
Itamar Vieira na Bienal
O premiado e popular escritor Itamar Vieira Junior participa de dois debates neste domingo, 8, na programação oficial da Bienal Internacional do Livro de São Paulo. Ao meio-dia, na Arena Cultural, conversa com Flora Thomson-Deveaux, Stênio Gardel e Rayanna Pereira sobre “A popularização da literatura brasileira no exterior”. E às 18h45, no Salão de Ideias, estará com Maria Carolina Casati e Conceição Evaristo no bate-papo “Vidas de Axé” da Mesa Sesc.
Poesia feminina
O estande da Escreva, Garota! na Bienal do Livro de São Paulo recebe debate sobre “Poesia contemporânea feita por mulheres”, com Thais Campolina, Bruna Escaleira (@bru_esc), e Zulmira Correia (@zulmiracorreia_). Vencedora do Tato Literário – 1º Prêmio com.tato de Literatura Independente, Zulmira Correia está lançando seu terceiro livro, “A duração entre um fósforo e outro”, primeiro título do selo Tato Literário. A conversa será neste domingo, 8, às 2 da tarde.
Da Fundaj para a Bienal
O poeta Túlio Velho Barreto, diretor de Memória, Educação, Cultura e Arte da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) participa neste domingo, 8, da sessão de lançamento e autógrafos da antologia bilíngue, português e espanhol, “UniVerso”, da Lura Editorial, em que publica um poema dedicado ao artista multimídia e poeta pernambucano Jorge Lopes, falecido este ano. Será no estande da editora na Bienal do Livro de São Paulo, no Distrito Anhembi, às 10 da manhã. Durante a Bienal, Túlio Velho Barreto também apresentará e divulgará alguns dos novos títulos de obras acadêmicas, de memória e literárias da Editora Massangana, da Fundaj.
Record na Bienal
A cidade dos livros montada no Anhembi, em São Paulo, conta com grandes estruturas para atrair os leitores. Como o estande de 300 metros quadrados da editora Record, espaço que abrigará 25 mil exemplares para venda, de 1.300 títulos. Quase 40 autores brasileiros do Grupo Record, há quase 83 anos no mercado, integram a programação oficial da Bienal, além da escritora norte-americana Brittainny Cherry, que está lançando “A playslist”.
Padura no Brasil
Cinco anos depois, o escritor cubano Leonardo Padura volta ao Brasil, para um debate no Clube de Leitura CCBB sobre sua obra “O homem que amava os cachorros”, publicado há 15 anos pela primeira vez, chegando ao nosso país pela Boitempo. A curadoria e mediação é de Suzana Vargas, com participação do escritor e tradutor argentino Rodrigo Labriola. Na quarta, 11, no CCBB no Rio de Janeiro a partir das 5 e meia da tarde, com entrada gratuita. E no sábado, 14, Padura faz sessão de autógrafos na Livraria Travessia, em Belém (PA), a partir das 18h30.
Como se faz um livro
Monique Bonomini faz palestra na Bienal do Livro de São Paulo sobre as etapas de produção e os modelos de publicação de um livro. A palestra “Da escrita à publicação: Como se faz um livro” será na quinta, 12, no estande Escreva, Garota! a partir das 2 da tarde.
Hoje, deserto
A jornalista e professora de Língua Portuguesa da rede pública do Distrito Federal, Luiza Fariello, está lançando pela Patuá o livro de contos “Hoje, deserto”. O deserto do título remete à experiência íntima do silêncio. “Essa paisagem é mais interna do que externa: creio que o grande tema que perpassa os contos seja o vazio, nem sempre triste, e a solidão, por vezes necessária, que carregamos”, diz a autora. Outras informações no site www.editorapatua.com.br.
O homem culto e as belas bestas
Para o professor Lourival Holanda, presidente da Academia Pernambucana de Letras (APL) o exercício do intelecto a uma determinada área faz um erudito, que perde na superfície do mundo. “O homem culto do momento contemporâneo é aquele que está atento ao horizonte, a tudo que está acontecendo. Antigamente, não, alguém era um homem culto porque tinha conhecimento de latim, do grego. Isso não impedia a barbárie. Porque aquelas belas bestas de Berlim, aqueles homens de Hitler, eram homens cultos. E isso não impediu a barbárie. Eles tinham o maior respeito por Mozart, pela árvore de Goethe. Eram cultos, e no entanto, eram estúpidos”. Veja a fala completa no Instagram @holandalourival.
O que é uma livraria
Durante a Convenção Nacional de Livrarias, em depoimento ao Livronews (@livronewsnoinsta), o livreiro Pedro Gama, da Travessia, de Belém, define: “A livraria não é só um espaço de sociabilidade. É um lugar para que qualquer pessoa se sinta menos sozinha. Num momento em que as telas nos aproximam e afastam ao mesmo tempo, o livro é uma zona livre de publicidade, e a livraria é um lugar para fazer amigos. Um lugar de encontro e travessia”.