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Sidney Rocha explora dilemas éticos e existenciais em “O Melhor dos Mundos”

O mais recente romance de Sidney Rocha, O Melhor dos Mundos, publicado pela Editora Iluminuras, mergulha em questões profundas da condição humana, como a eutanásia, a autonomia individual e os limites éticos que permeiam nossas escolhas. Com uma escrita precisa e avessa a lugares-comuns, Rocha constrói uma trama que desafia o leitor a confrontar suas próprias convicções sobre vida, morte e o que significa, de fato, o “melhor dos mundos”. O lançamento do livro acontece no dia 12 de março, na Livraria Martins Fontes, em São Paulo, das 18h às 21h, com a participação do jornalista e escritor Ivan Marsiglia.

O título do romance já sugere uma dualidade intrigante: o que seria o “melhor” em um mundo onde as escolhas estão inevitavelmente entrelaçadas com o sofrimento e a finitude? A trama se desenrola em Cromane, um universo ficcional criado por Rocha, onde personagens como Rhian, Ágata, Jade, Denis e William Gastal se cruzam em um labirinto de dilemas existenciais. Esses personagens, descritos como “meio-filósofos sem-filosofia”, refletem sobre a vida e a morte em um cenário que oscila entre o real e o fantasmagórico.

Rhian, o protagonista, é um lutiêro que tenta sustentar sua família enquanto enfrenta questões profundas sobre autonomia e sofrimento. Sua busca por Ágata, que se enclausurou em uma abadia misteriosa, serve como ponto de partida para uma narrativa que explora os limites da ética e da compaixão.

A eutanásia surge como um dos pilares da narrativa, não apenas como uma questão médica ou legal, mas como um dilema ético que toca as profundezas da moral humana. Rocha convida o leitor a refletir sobre a autonomia do indivíduo, o alívio do sofrimento e o temor do desconhecido. A deterioração física de Jade, filha de Rhian e Ágata, que desenvolve uma doença degenerativa, coloca a família diante de escolhas difíceis e questionamentos sobre o valor da vida e a aceitação da morte.

O autor não oferece respostas fáceis. Em vez disso, constrói uma narrativa que oscila entre o filosófico e o prático, questionando até que ponto a autonomia individual é possível em um mundo marcado por laços emocionais e sociais profundos.

A prosa de Sidney Rocha é conhecida por sua precisão e originalidade. Em O Melhor dos Mundos, o autor utiliza frases curtas e diretas, criando uma narrativa que evita artifícios e se mantém próxima da realidade. A linguagem, muitas vezes áspera e mineral, reflete a dureza do mundo retratado, sem perder a profundidade e a sensibilidade necessárias para abordar temas tão complexos.

O romance também se destaca pela criação de neologismos, como “horrorizonte”, que sintetizam a ambiguidade e a dualidade presentes na obra. O título, O Melhor dos Mundos, é em si uma provocação, questionando o que seria o “melhor” em um mundo marcado pelo sofrimento e pela desigualdade.

Nascido em Juazeiro do Norte (CE) e radicado em Recife (PE), Sidney Rocha é um dos nomes mais respeitados da literatura brasileira contemporânea. Com obras como O destino das metáforas (Prêmio Jabuti, 2012), Sofia (Prêmio Osman Lins) e Guerra de ninguém, o autor consolidou uma carreira marcada pela exploração de temas densos e pela defesa da leitura como direito universal.

Além de sua produção literária, Sidney Rocha é um ativo defensor da educação pública e da leitura como ferramenta de transformação social. Sua atuação nessa área rendeu-lhe o título de doutor honoris causa pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).


O Melhor dos Mundos
Sidney Rocha
Iluminuras
234 páginas

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